Piodermite

Todos nós que militamos na área de Dermatologia de cães e gatos ficamos por vezes estarrrecidos e enfadados ao ver tantos casos de uma mesma doença: AS PIODERMITES.

Piodermite nada mais é do infecção bacteriana da pele (pio = pus, dermite = inflamação da pele). Podemos também chamá-las de foliculites bacterianas pois, via de regra, estas infecções envolvem os folículos pilosos, que são os locais da pele de onde nascem os pêlos.


Lesões clássicas de piodermite: pústulas e vermelhidão da pele (eritema)

Existem inúmeras causas para que elas aconteçam, isto porque a bactéria, principal causadora da doença em cães e gatos, é o Staphylococcus spp, que também faz parte da própria microbiota cutânea, isto é, vive na pele normal dos animais saudáveis sem causar nenhum problema. Então, sempre há um fator desencadeante que faz com que se quebre o equilíbrio entre a população bacteriana e o hospedeiro, levando a uma proliferação bacteriana excessiva e sem controle, o que ocasiona as lesões e os sintomas caracterísiticos. Este é o principal motivo que torna as piodermites tão freqüentes: o fato de serem manifestações de várias outras doenças que citaremos a seguir.

Como são as lesões?
Embora o nome da doença indique que deve haver a presença de pus, isto não ocorre na maioria das vezes. As lesões se manifestam de múltiplas formas: pápulas (pequenas elevações) avermelhadas recobertas por crostas (vulgarmente seriam “casquinhas”), pequenas bolhas com pus (pústulas), perda de pelame de forma circular recobeta por escamas, úlceras (perda de tecido profunda), erosões (perdas superficiais de tecido).


Lesões de piodermite em região cervical de um felino.

Como pode ser dado o diagnóstico?
O clínico pode fazer isto através do aspecto das lesões e da citologia do material (análise microscópica). Por vezes se torna também necessária a cultura microbiológica do material obtido das lesões.

O mais importante, contudo, não é diagnosticar a piodermie mas sim identificar suas causas. Para isto o veterinário deve fazer uma investigação detalhada quanto a possíveis alergias, seborréia, sarna negra, desequilíbrios hormonais, presença de pulgas ou de outros parasitas, carências nutricionais, micoses, doenças auto-imunes, etc. Por fim, há casos em que não se descobre a causa, e estes são chamados de idiopáticos.

O tratamento consiste no uso de antibióticos, xampus anti-sépticos ou anti-seborréicos e, principalmente, na identifiação e correção das causas de base.